VAMOS ÀS RUAS RETOMAR O QUE É DO POVO: A VALE É NOSSA!
Posted: September 24th, 2007 | Author: mup | Filed under: Textos publicados pelo MUP | Comments Off on VAMOS ÀS RUAS RETOMAR O QUE É DO POVO: A VALE É NOSSA!VAMOS ÀS RUAS RETOMAR O QUE É DO POVO: A VALE É NOSSA!
A História De Marcha Ré: Desde a época em que foi privatizada, em 1997, passaram-se 10 anos. De lá para cá, contrariando todas as análises do governo e dos empresários que apontavam uma baixa produtividade da empresa, a CVRD acumulou fantásticos lucros que passaram da casa dos 32 bilhões de reais. Esse lucro hoje nas mãos dos acionistas e agiotas do capital financeiro nacional e internacional está retido nas bolsas de valores, em especial de Nova York, a serviço do parasitismo do mercado. Sob controle do Estado, esses mesmos lucros em 10 anos poderiam ter sido revertidos em: 105 hospitais; 43 universidades; 128 mil casas populares; e ter assentado mais de 1 milhão de famílias sem-terra. Ou seja, somos chamados a uma tarefa ingrata: recuperar 10 anos de atraso, evitar que a história continue andando para trás. Sim, poderíamos hoje ter solucionado graves problemas que afligem nosso povo, como a falta de moradia, saúde, educação e terra. Mas para que a história não nos empurre para a barbárie e a violência social e para que não percamos mais 10 anos se aprofundando no caos social, na semana da pátria um grito ecoará em nossa pátria: A Vale é nossa!
Gigante Mineradora: A Companhia Vale do Rio Doce foi criada no dia 1º de junho de 1942, na época do presidente Getúlio Vargas. O Brasil é o país de maior diversidade em minério do mundo. Essa posição privilegiada do solo brasileiro possibilitou que a Vale se transformasse numa gigante mineradora. É a maior produtora de minério de ferro do mundo e a maior produtora de bauxita da América Latina.
A Vale compreende um complexo de 64 empresas (diretas e indiretas), está presente em 14 estados brasileiros e em mais de 40 países. Detêm as principais ferrovias do país, mais de 9 mil Km de estradas de ferro. Possui 10 terminais marítimos e a maior frota de navios transportadores de grão do mundo. O porto de Tubarão-SC é o maior porto especializado na exportação de minério de ferro do planeta. A CVRD está instalada numa área de 240 mil Km² (do tamanho do Estado do RS) e é a 2ª maior empresa do país, estando atrás apenas da Petrobrás, e a 3ª maior mineradora do mundo. Esse patrimônio passou a pertencer aos parasitas do capital em 1997.
A Soberania Ameaçada: A entrega de nossas riquezas naturais para o grande capital externo e as elites nacionais associadas, como se deu na privatização da CVRD, põe em risco a soberania de nosso povo. Não podemos mais falar em desenvolvimento estratégico do país quando mais de 45 bilhões de toneladas de diversos minérios (atual reserva da CVRD), entre quais, Ferro, Cobre, Ouro e Urânio, não pertencem mais à nação e sim a um pequeno punhado de exploradores que se orientam pelo mercado e pelas bolsas de valores da Europa e dos EUA.
Não há mais soberania se mais de 23 milhões de hectares de terra (do tamanho de PE, AL, SE, PB e RN juntos), área que a Vale está permitida a desenvolver pesquisa e explorar, pertencem hoje a estrangeiros do mercado financeiro. A segurança nacional está ameaçada, já que entre as reservas de minério da Vale encontra-se urânio, usado para a produção de energia nuclear. Esse poderoso minério está sendo escoado para os EUA, o império da guerra, pelos 9 mil Km de estrada de ferro e por 1 dos 10 portos marítimos que, apesar de estarem em solo e mares do Brasil, não pertencem mais a nossa pátria.
O Roubo De Nosso Patrimônio: A privatização da CVRD representou um dos maiores roubos ao povo brasileiro ocorrido na história de nosso país. O leilão que vendeu a companhia no dia 6 de maio de 1997 pelo então presidente FHC nos usurpou um patrimônio de mais de 100 bilhões de reais. Mas a Vale foi vendida por 3,3 bilhões de reais!! Não bastasse tamanha subserviência, o BNDES (banco público) fez o empréstimo desse dinheiro. Ou seja, na verdade não houve venda da Vale e sim o povo brasileiro pagou 3,3 bilhões de reais para o setor privado comandar a mineradora. Só em 2005 o lucro da empresa foi de 12,4 bilhões de reais.
Esse valor representa apenas o que é mensurável, pois o real valor dessa grande mineradora está condicionado ao desenvolvimento cientifico, tecnológico e aos objetivos sociais estabelecidos, condições necessárias para a descoberta e exploração de novas reservas existentes. Há estudos que apontam para um patrimônio que pode passar 1 trilhão de dólares.
Um Leilão Fraudado: Hoje são mais de 100 ações na justiça federal exigindo o cancelamento do leilão. Veja o conjunto das irregularidades que motivaram essas ações populares, tendo como réus o ex-presidente FHC, o BNDES e a União:
1 O Bradesco participou da comissão que estipulou o valor da venda e depois foi uma das empresas compradoras da CVRD. A Bradespar, nome fantasia do Bradesco, participa do conglomerado Valepar ( Previ do BB, Mitsiu dos EUA, BNDESPAR e Opportunity/Eletron), que juntos detém 53,3% das ações ordinárias da Vale.
2 O Banco Merryl Lynch dos EUA, que compôs também a comissão avaliadora, estipulou um valor 4 vezes menor que o estabelecido pela coordenação de professores de engenharia da UFRJ e 28 vezes menor que o valor real da empresa.
3 Inconstitucionalidade ao dar o direito de estrangeiros explorarem 23 milhões de hectares do solo brasileiro, sendo que a Constituição permite o máximo de 2 mil hectares (o que já é um absurdo!).
4 Estudos feitos em 1995 apontavam uma reserva de minério de ferro nas jazidas de MG e Carajás de 12 bilhões de toneladas. No edital apareceram apenas 3,3 bilhões de toneladas.
5 A constituição, Art 177, estabelece como sendo monopólio do estado todas as reservas de Urânio em sub-solo brasileiro. As reservas da CVRD hoje está em mãos de estrangeiros.
6 Não apareceu no edital de venda as seguintes reservas de minérios pertencentes a Vale: Titânio, Calcário, Estanho, Granito, Zinco e Nióbio. Sumiram do edital também as reservas florestais, de celulose e papel. Ainda, não foi contabilizado no valor da vale as ações da empresa na Açominas, CSN, USIMUNAS e na Companhia Siderúrgica de Tubarão.
Jornal do Movimento por uma Universidade Popular
NÚMERO 2 – ANO 1 – SETEMBRO DE 2007
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