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POR UMA UNIVERSIDADE CONSTRUÍDA PELO E PARA O POVO!

Posted: April 2nd, 2007 | Author: | Filed under: Textos publicados pelo MUP | Comments Off on POR UMA UNIVERSIDADE CONSTRUÍDA PELO E PARA O POVO!

POR UMA UNIVERSIDADE CONSTRUÍDA PELO E PARA O POVO! 

    Durante algum tempo nós, estudantes universitários, nos distanciamos de alguns questionamentos que devem estar presente cotidianamente na nossa vida acadêmica e nas nossas lutas universitárias:
Afinal, em que universidade estamos imersos e a que interesses tem servido ela?
Que universidade queremos, ou para ficar mais preciso, que universidade quer e precisa o nosso povo?
Qual o caminho a seguir para avançar, para que a universidade seja construída pelo e para o povo brasileiro?
    São questões que não podem carecer de reflexão e, sobretudo, devem nos impulsionar para uma prática coletiva de mudança da realidade que estamos inseridos, de miséria, fome e exploração da maioria dos brasileiros!
    Primeiro, para tirarmos a penumbra do nosso horizonte é necessário conhecer um pouco mais da nossa universidade, compreender em que processo encontram-se hoje as universidades públicas brasileiras. A partir de então, lutar por uma universidade que contribua para o processo de emancipação do povo brasileiro: uma universidade popular.  
    Vivemos um momento bastante delicado (momento que, por sinal, dura quase duas décadas), em que é progressivo o desvio das funções e dos objetivos da educação superior para os interesses do mercado. A crise profunda que vive o sistema capitalista impõe limites insustentáveis para a produção do conhecimento cientifico livre, criador e soberano. No centro dessa crise aprofunda-se a mercantilização da educação e a universidade passa a ser um espaço para a ordem dominante onde a ciência e a tecnologia devem estar subordinadas a lógica de acumulação capitalista. Nesse processo, o conhecimento produzido sofre uma inversão sem precedentes na história: em vez de estar a serviço das necessidades “dos de baixo”, da resolução dos seus problemas, a universidade serve cada vez mais aos interesses “dos de cima”, aprofundando sua dominação. Assim, o conhecimento deve estar às ordens da acumulação capitalista.
    Exemplos da deterioração não faltam. A cada dia surge uma nova empresa (seja de capital nacional ou internacional) nos espaços da universidade, produzindo pesquisa a partir dos seus interesses, usando recurso público, de pesquisadores a infra-estrutura. Com a Lei de Inovação Tecnológica, parte da “reforma” universitária (que costumamos chamar de contra reforma, já vem para aprofundar o processo de mercantilização da educação superior no Brasil) estas empresas com livre trânsito podem até mesmo patentear qualquer ciência e tecnologia realizada pela universidade pública, que, até então, era patrimônio público. E para piorar, ainda surgem as Fundações Privadas que fazem a mediação entre dinheiro público e empresas privadas, administrando verba federal em benefício dos interesses capitalistas, e diariamente estão mais presentes e com mais poder em definir os rumos da universidade, da pesquisa e do ensino.
    A degradação da universidade pública brasileira não para por ai. Sem nenhum aumento nas verbas para a educação superior no Brasil, já que todo dinheiro vai para pagar juros aos banqueiros internacionais, as universidades carecem de professores (agora a moda são os professores substitutos, contratados temporariamente), de infra-estrutura (livros, laboratórios, computadores, bolsas estudantis, moradia estudantil) e de novas vagas para colocar nas universidades públicas os 97% dos jovens brasileiros que ficam fora delas. A situação vem piorando, vem sendo agravada pela tentativa permanente de aplicar a contra-reforma universitária (desde Collor, passando por FHC e tomando mais força com Lula) que aprofunda a relação de dependência da produção de ciência e tecnologia, com impacto direto na soberania nacional.
    A universidade que queremos não é esta! A ciência e a tecnologia têm perdido o horizonte da superação dos graves problemas sociais do país, voltando-se, ao contrário, para o mercado, ao invés de produzir ciência e tecnologia para as necessidades mais sentidas da população pobre do campo e da cidade. A pesquisa e a extensão universitária deveriam contribuir para socialização em massa do patrimônio cultural, histórico e científico acumulado pela humanidade, fomentar o desenvolvimento social integral, e não o mesquinho desenvolvimento econômico restrito a minorias empresariais.
    Porém, para transformarmos esta realidade precisamos construir um movimento que, com suas próprias instâncias de organização e dinâmica, não reproduza os velhos vícios do movimento estudantil: o aparelhamento por partidos, a burocratização (e o conseqüente afastamento dos estudantes) ou a negação das entidades. É preciso que o movimento se constitua no estreito vínculo com as massas estudantis, forjando-se na luta cotidiana a partir das necessidades mais sentidas, irrompendo um forte movimento de massas de baixo para cima, junto às lutas da classe trabalhadora (do movimento camponês, operário, dos sem teto, dos desempregados…). Devemos buscar encontrar nas contradições da atual universidade as brechas para a criação de um conhecimento emancipatório e, no mesmo processo, lutar pelo ingresso massivo dos filhos da classe trabalhadora nas universidades públicas e gratuitas. È necessário um movimento que se mantenha independente das concepções e interesses das classes dominantes e que, no interior da universidade, sirva às causas populares e por concepções teóricas críticas, disputando com as classes dominantes a produção de conhecimento, ciência e tecnologia em prol da maioria da população explorada e oprimida.
    A universidade popular: Dentro deste objetivo estratégico, nossas lutas imediatas devem ser por mais espaço democrático (voto universal para reitor, maior participação estudantil e popular nos órgãos colegiados, poder de definir os rumos da universidade através da participação direta), pelo direito de manter-se com dignidade na universidade (restaurante universitário, bolsas, moradia estudantil), de defesa contra a permanente intenção de privatizar a educação superior pública, de combater as sucessivas tentativas de criminalizar o movimento estudantil e dos trabalhadores, de transformar as instituições privadas em universidade públicas e gratuitas e, sobretudo, por mais verbas, possibilitando o ingresso das massas populares nas universidades brasileiras, federais e estaduais.  
    Chamamos todos os lutadores e lutadoras, todos estudantes que ingressaram este ano na universidade, os que hoje se despertam pra necessidade de resistir, todos os trabalhadores da UFSC (sejam professores ou técnicos administrativos), a vir construir conosco do Movimento por uma Universidade Popular a disputa desta universidade. Buscamos nos ligar profundamente com as lutas das classes exploradas e oprimidas pelo sistema capitalista, construindo estrategicamente neste processo, sob as ruínas da universidade “dos poderosos” e do sistema capitalista, uma universidade popular, no seu conteúdo e na sua composição, crítica à sociedade de exploração do homem pelo homem e que destrói nosso habitat e, por fim, criadora de ciência e tecnologia para a emancipação do povo e a construção de uma sociedade humana. Venha para o MUP! Venha agregar força nesta luta que é do povo brasileiro!

MUP_FLORIPA@YAHOO.COM.BR | NUMERO 1 – ANO 1 – ABRIL DE 2007