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POR UM NOVO MOVIMENTO ESTUDANTIL, construído de “baixo para cima”

Posted: July 4th, 2007 | Author: | Filed under: Textos publicados pelo MUP | Comments Off on POR UM NOVO MOVIMENTO ESTUDANTIL, construído de “baixo para cima”

POR UM NOVO MOVIMENTO ESTUDANTIL, construído de “baixo para cima”

A universidade brasileira está em disputa. De um lado os setores que vêem nela um instrumento para manter sua hegemonia de poder, manter o status quo, produzir ciência e conhecimento a serviço de um projeto societário de exploração do homem pelo próprio homem, no qual tudo, até mesmo a vida humana (e quem diria então a educação), torna-se mercadoria. De outro, estudantes e trabalhadores que percebem nela contradições que permitem prosseguir na luta por uma universidade que contribua no processo de emancipação dos explorados, que produza conhecimento para a resolução dos problemas mais urgentes do povo brasileiro.
Nessa disputa nós – estudantes universitários – construímos instrumentos de organização autônoma para o enfrentamento desses projetos antagônicos. Os Centros Acadêmicos (CAs), os Diretórios Centrais dos Estudantes (DCEs), a União Estaduais de Estudantes (UEEs) e a União Nacional dos Estudantes (UNE) deveriam servir a nossa luta por um projeto popular para a universidade, em oposição a universidade que sirva para fortalecer a dominação de uma minoria e ao fortalecimento do sistema capitalista.
Nossas entidades podem tornar-se espaços de uma nova forma de organização, em que valores como a cooperação, a democracia e a direção coletiva se fortaleçam, superando o individualismo, a falta de democracia e a burocracia tão presentes na sociedade capitalista. As entidades estudantis tem o desafio de superar as velhas formas de organização, que afastam o conjunto dos estudantes de seu controle. 
Em se tratando da UNE, a indignação toma conta dos nossos sentimentos. Hoje (e há mais de uma década) essa entidade tem se afastado progressivamente das bases estudantis, sempre com o mesmo grupo político no poder: a UJS e seus aliados. Este grupo enraizou-se na direção da entidade através de práticas fraudulentas, oportunistas e sempre de “cima para baixo”, tratando os estudantes como massa de manobra. Para manter-se no controle da entidade retirou da pauta da entidade as bandeiras históricas do movimento estudantil, afastando a discussão política para dificultar o controle da UNE pelos estudantes. Vale ressaltar que a UNE exerce pouco, ou quase nenhum, controle sobre o movimento estudantil real, na prática cotidiana dentro das universidades.
A UNE, que historicamente serviu como nosso instrumento de embate com o projeto hegemônico de sociedade e de universidade, trabalha, nos últimos anos, na contramão das lutas por democratização, por ampliação e defesa da educação pública. A UNE não fala em nosso nome quando defende um projeto mercantilista de reforma universitária, que transforma um direito de todos (como diz o artigo205 de constituição) em serviço que pode ser comprado e vendido. A UNE não fala em nosso nome quando afasta a discussão política dos estudantes, manipulando congressos, fraudando delegados, diminuindo o controle da entidade pelas bases (os delegados, antes eleitos por curso, agora são eleitos por universidade). A UNE não fala em nosso nome quando se alia à rede Globo, e a qualquer empresa privada. A UNE não fala em nosso nome!
No entanto, o que devemos compreender, para não cairmos no idealismo imaturo de apenas negar a entidade, é que os estudantes que participam dos espaços da UNE não são marionetes (apesar de tratados como). Nossa luta deve ser construída nacionalmente, o que exige dedicação e paciência. Assim, o fundamental é aglutinamos forças nacionalmente para barrarmos essa reforma universitária do Lula. O CONUNE deve servir para agregar setores do movimento estudantil das universidades públicas e das privadas, para que possamos construir um pólo unificado cada vez maior de resistência à permanente tentativa de privatização da educação superior púbica, fazendo oposição a UNE, ao governo e aos empresários da educação. Além disso, o nosso desafio é construir, em todos os espaços de disputa, a união dos estudantes em torno de um projeto: a universalização da educação pública, gratuita e de qualidade como um direito de todos; e pela construção de uma universidade brasileira crítica ao capitalismo e que esteja a serviço da transformação social, da construção de uma nova sociedade.
É preciso compreender a complexidade da luta e que somente um movimento que se dedique para elevar o nível de organização e de consciência dos estudantes terá êxito no futuro. Não há saídas imediatas e a questão passa necessariamente pela capacidade de inovarmos no conteúdo e em nossos métodos.
Devemos rechaçar as disputas que insistem em impor uma alternativa de “cima para baixo”. O movimento estudantil não passa por uma crise de direção e seu problema está longe de ser resolvido pela simples troca nas entidades das forças que o compõe. Nossa tática deve priorizar a luta travada de “baixo para cima”, fazendo o debate ideológico e possibilitando que as organizações estudantis de bases ganhem mais força e legitimidade perante o conjunto dos estudantes.
Combater a traição do setor majoritário na direção da UNE (UJS e aliados) não se resolverá com a tática de aglutinar para ganhar a direção. Ou então de criar uma nova entidade em nível nacional. Nossos esforços devem estar voltados para convencer o máximo de estudantes possíveis e das forças políticas existentes que é necessário criar uma unidade em torno de um programa e de uma pratica que seja capaz de derrotar todas as tentativas de mercantilização do ensino superior e  que ao mesmo tempo faça o debate estratégico sobre o papel da universidade.
Será através da organização e da mobilização das bases estudantis e das vitórias que obteremos que as alternativas serão criadas, num processo legitimo aonde as lideranças vão nascendo pelas causas e as lutas que se dedicaram. Colocando, assim, na ordem do dia a questão da direção e dos rumos da União Nacional dos Estudantes. O velho maniqueísmo entre o bem e o mal, da suposta maioria e minoria e os atropelos em torno do sectarismo só nos levará ao isolamento e a derrocada do próprio movimento estudantil.
Inovar no conteúdo significa que o ME necessita lutar por uma nova universidade, se dedicar mais na construção desse projeto e ao mesmo tempo aprofundar sua relação com outros setores da sociedade e o movimento popular em geral, afinal estes também querem a transformação da  universidade brasileira.
Inovar no método significa que devemos lutar para que as entidades estudantis sirvam para representar os interesses dos estudantes, suas aspirações políticas, culturais, econômicas ou cientificas. Parece óbvio dizer isso, mas no dia-dia do ME não é o que acontece. As entidades estão cada vez mais partidarizadas, burocratizadas e menos representativa dos anseios e da vontade dos estudantes. Por isso devemos rechaçar toda forma de atrelamento dos partidos políticos, construindo um movimento que parta das necessidades mais sentidas dos estudantes para aquelas que dizem respeito à transformação da universidade e da sociedade. Não se trata de negar a presença e a importância dos partidos, mas de estabelecer devidamente as fronteiras e não deixar que o Movimento Estudantil sirva de instrumento desse ou daquele partido, mas sim dos estudantes.
Os setores mais combativos por outro lado não conseguiram instituir uma nova dinâmica. Ficam há anos dizendo que se trata de um problema de direção, que basta trocar um setor por outro e priorizam travar a luta pelas estruturas. Enquanto isso as questões centrais tornam-se secundarias. Mas não existe outra perspectiva ou um caminho mais curto, como o de construir de imediato uma nova entidade. O desafio está posto: reorganizar o movimento estudantil de “baixo pra cima”, sem fórmulas mágicas. Este trabalho exige paciência e unidade de ação dos setores mais combativos do movimento estudantiL.

 UNE DE VOLTA PRA LUTA
UNE_DE_VOLTA_PRA_LUTA@YAHOO.COM.BR | 50ª Congresso da UNE – 04 e 08 de julho de 2007

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